Fazendo um mundo melhor.
Esse blog foi uma iniciativa surgida a partir de uma página criada há alguns meses no Facebook. Os textos e links disponíveis interagem com os posts na página "Criando Sustentabilidade".
A proposta do blog é contribuir para uma legitimação e execução de ações sustentáveis individual e coletivamente.
Tentaremos informar, educar e esclarecer alguns pontos sempre obscuros nesse tema.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
O quê pensar quando seu país importa lixo e paga caro por isso.
Insetos sobrevoam lixo em Hyderabad, na Índia; estudos globais tentam achar alternativas para lixão. Estadão.com.br
Uma coisa que me assusta bastante é a lógica da importação de lixo pelo Brasil. Alguns itens como latas de alumínio, são bem pagos chegando à 2,6 mil reais por tonelada. Ora, se reciclamos cerca de 98% das latas de alumínio utilizadas aqui, produzimos bauxita o principal componente para a fabricação de alumínio ( são cerca de 25 milhões de toneladas no ano de 2009 segundo dados do SISCOMEX), produzimos cerca de 8 milhões de Alumina, temos uma capacidade de produção instalada de alumínio primário de 1.690.000 toneladas em 2009, um aumento de demanda interna pelo aquecimento da economia, então, como apresentamos uma variação negativa nessa produção nesse primeiro semestre de -6,8% segundo os produtores primários e ainda pagamos caro para importar lixo?
Quando aprendi economia, disseram-me que a lógica da exportação e importação num país independente e saudável era a de exportar o excedente de produção e importar apenas aquilo que realmente faltasse.
Pois bem, na minha lógica, se 31% da produção de transformados de alumínio é destinada para embalagens no Brasil e essas embalagens são recicladas quase que totalmente. Então,deveríamos produzir internamente primeiro o que necessitamos e o excedente, em minério e produtos industrializados, deveria ser exportado. Ainda na minha lógica, me dá a impressão de que falta lixo no Brasil e de que não temos indústria de alumínio. Devo estar errada. Deve mesmo faltar lixo no Brasil.
Agora, exportamos em 2009 cerca de 20 milhões de toneladas de bauxita, precisamos de cinco quilos desse minério para produzirmos um quilo de alumínio. O Brasil é o terceiro país do mundo em capacidade de produção de bauxita. Não dava para diminuir a exportação do minério só um pouquinho e aumentar de forma coerente a produção de transformados para embalagens conforme a demanda?
Outro ponto: se conforme preço referencial da BM&FBovespa, a tonelada do alumínio primário é de US$2.379,00 a tonelada hoje e paga-se em torno de U$34 a tonelada da bauxita, enfim, não é mais vantagem exportar mais alumínio do que bauxita? Sei lá, já disse, posso estar falando besteira, porque não sou economista. Gostaria que algum economista me explicasse. Um comerciante, um industrial e uma dona de casa concordariam que é um negócio ruim, ainda que se leve em conta a estrutura dos custos de produção de um e de outro.
Enfim, na carona da exportação de lixo reciclável, me parece que os planos nacionais indicam que precisamos concorrer com a Índia ou a China e transformarmos a paisagem como eles transformaram a deles. A foto retrata o que se encontra hoje em muitas regiões indianas. Não só a presença de lixo reciclável como de lixo contaminante e lixo doméstico dos países mais ricos.
Pergunta: Já não temos lixo o bastante aqui? Deve ser como dizia Pedro Vaz de Caminha: “Nessa terra se plantando tudo dá”, se a colheita de lixo anda fraca a gente exporta um lixo melhor!!!!
Fontes de dados sobre o alumínio: Banco Mundial, ABAL, MDIC, MME, BM&FBOVESPA.
Fontes de dados sobre o alumínio: Banco Mundial, ABAL, MDIC, MME, BM&FBOVESPA.
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