Fazendo um mundo melhor.
Esse blog foi uma iniciativa surgida a partir de uma página criada há alguns meses no Facebook. Os textos e links disponíveis interagem com os posts na página "Criando Sustentabilidade".
A proposta do blog é contribuir para uma legitimação e execução de ações sustentáveis individual e coletivamente.
Tentaremos informar, educar e esclarecer alguns pontos sempre obscuros nesse tema.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
refletindo sobre a arte na estatística em interpretar a necessidade da sustentabilidade planetária.
O que mais me enlouquece quando verifico os relatórios internacionais sobre a situação no mundo é que a variedade de dados apresentados permite que suas inter-relações produzam informações por vezes contraditórias, contudo convenientes a cada diferente modo de perceber a realidade.
Então, um olhar mais apurado nas infindáveis tabelas estatísticas e a tentativa de ‘cruzar’ esses dados para se ter um quadro da situação geral do mundo produz uma obra que nem Picasso no ápice do Cubismo conseguiria explicar. Talvez ele dissesse com um sorriso maroto: “Você tem que se permitir sentir a obra e não explicá-la”.

Poderia pensar que a pobreza ficou menos pobre em $1,00 por dia em 24 anos de projetos e intervenções sociais, todavia ainda sinto que as pessoas continuam necessitadas quando leio no site banco mundial (http://www.worldbank.org/foodcrisis) que o número de pessoas desnutridas que aparece no Relógio da Fome é de 948.672.437 pessoas pelo mundo.
Posso pensar que a situação melhorou quando leio que dos 1.9 bilhões de pessoas que viviam com menos de $1,25 por dia em 1981, em 2005 elas eram apenas 1.4 bilhões segundo o World Development Indicators 2011. Até 2015 espera-se reduzir a pobreza extrema em 21% em todo o mundo. Então, posso pensar se espera que esse um terço da humanidade possa viver numa faixa de $1,50 a $2,50 por dia, ou, pensar que meio bilhão de pessoas em 2015 passarão para a faixa dos $1,25 até $2,00 por dia, muito legal. Mas sinto que elas ainda serão pobres e desnutridas quando vislumbro a “obra” como um todo. Talvez eu é que precise de terapia ou não entenda nada de prioridade na vida humana na dimensão “artística” da dinâmica social do capitalismo. Pode ser.
Quando leio os dados de crescimento na produção de alimentos, na educação, nos tratamentos de saúde, no incremento de receita de alguns países e empresas, na taxa de emprego; posso pensar que o mundo anda de vento em popa numa curva ascendente de progresso econômico. Ao mesmo tempo, existem relatórios demonstrando o quanto se economizou em recursos naturais e em emissão de gases de efeito estufa e relatórios de quando se utilizou desses mesmos recursos (difícil é encontrar um quadro comparativo entre os dois). Sinto uma obra impressionista que supera aquelas produzidas por Monet quando estava com catarata, mas que não expressa vista a distância, a nitidez desejada para a composição das formas do quadro. Sinto apenas os borrões mesmo vendo de longe.
Posso pensar que as coisas estão realmente melhorando, porém sinto que não é nada disso, gastamos mais do que poupamos e um dia enfrentaremos as conseqüências disso. Como é apenas um sentimento, ironicamente, pode estar equivocado. Irônico porque sentimento não é lógico. Shakespeare já dizia “que o coração tem razões que a própria razão desconhece” nesse espírito então posso continuar sentindo que até numa dimensão estatística o ser humano ainda continua negando uma mudança mais ampla e necessária na esfera planetária da sociedade. Daí penso que esse discurso está mais para uma obra de Miró.
Bobagens à parte, bom lembrar, racionalmente falando, que quando cada um de nós gasta mais do que ganha entra em apuros, logo, se no âmbito individual acontece esse fenômeno porque isso não aconteceria no coletivo? A situação da Grécia e de outros países da União Européia prova isso. E como se resolverá o impasse? Ora se quando gastamos mais do que ganhamos, temos que cortar gastos e definir prioridades em nossas vidas, todavia fazemos o possível para continuar: 1º comendo 2º morando 3º trabalhando 4º nos mantendo saudáveis 5º tentamos redimensionar o uso dos recursos que temos 6º nos preocupamos em saldar a dívida. Os países também fazem a mesma coisa cortam gastos e definem prioridades só que as prioridades parecem obedecer à ordem inversa: a máxima prioridade em saldar a dívida em detrimento ao custo social. Por quê? Eis uma pergunta difícil de ser respondida racionalmente. Talvez nem Dali se atrevesse a pintar sobre isso.
Meus sentimentos me dizem que há uma contradição gritante entre nosso comportamento individual e nosso comportamento enquanto parte do coletivo nesses assuntos que talvez possam indicar que devamos refletir sobre essa incoerência e onde ela nos leva. Ou sentir como essa lógica nos afeta lá no fundo de nosso ser e/ ou no nosso cotidiano.
Enfim, minha pergunta da semana: Se coletivamente pensamos que devemos viver e consumir dentro de nossas possibilidades, então por que enquanto indivíduos pensamos e agimos ao contrário, gastando e consumindo mais do que podemos? Qual o sentimento que envolve nossa existência e que nos leva a esse comportamento? Talvez Van Gogh quando pintou “Skull” pensasse nessas perguntas e na provável resposta em longo prazo...todavia ele era louco....pelo menos aos olhos de seus contemporâneos!
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