Fazendo um mundo melhor.

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domingo, 12 de abril de 2015

Quando se propõe terceirizar leis e salsichas....equilíbrio é tudo.

Em resposta ao apoio de meu representante na Camara Federal ao Projeto de Lei 4330 sobre a terceirização. Redigi o seguinte comentário.


 “Os cidadãos não poderiam dormir tranqüilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis.” Otto von Bismarck.

A terceirização enquanto proposta teórica é interessante, contudo pressupõe que, na prática, tenhamos:

v  Corporações que realmente priorizem sua função econômica essencial, ou seja, comprometidas com o desenvolvimento social e econômico da sociedade além de apenas o aumento de seus lucros anuais e distribuição de dividendos aos acionistas.
v  Um governo que realmente priorize e represente a complexa heterogeneidade de uma sociedade de modo legitimamente democrático.
v Uma ‘classe trabalhadora’ realmente organizada, autônoma e legitimamente representada sem subsídios governamentais.    
v  Pessoas que coloquem interesses coletivos acima dos interesses individuais e prezem pelo futuro.

Isso é utópico, para mencionar o mínimo que se pode considerar diante dessas hipóteses.  Reconheço.

Na minha visão como acontece na prática aqui na República das Bananas:

v  As Corporações atualmente têm como maior preocupação o aumento da lucratividade para manterem-se  ativas. Os acionistas exigem crescimento constante do lucro e aumento do patrimônio para atestarem a solidez dessas empresas e continuarem investindo. Resta a elas diminuírem cada vez mais os custos operacionais. Salário é custo na lógica do mercado financeiro.  
v  O governo é financiado pelas grandes Corporações que elegem políticos que priorizam os interesses delas.  Daí leis que cada vez mais as ajudem na manutenção da tal solidez.
v  Os sindicatos estão com seus recursos garantidos desde a aprovação da CLT(artigos 578 e 579) e as leis trabalhistas como a 6.386/76 garantem a fatia dessa contribuição compulsória ao governo.  Na prática os dirigentes sindicais não necessitam representar os trabalhadores, porque esses ‘representados’, concordando ou não com suas ações geram os recursos necessários para suas atuações e garantem o status quo desses agentes, dando-lhes poderes para defendem seus interesses individuais.  O governo recebe sua fatia e teoricamente deveria financiar o seguro-desemprego com esse dinheiro.  Ou seja, o trabalhador brasileiro paga para não ser representado integralmente e ainda, financia sua própria necessidade de emprego.
v  Esse estado de refém assola a maioria da sociedade que diante do sentimento de impotência começa a priorizar interesses individuais que se estendem, no máximo, ao seu microambiente(família e agregados). Um convite ao caos coletivo e ao estremecimento de toda a organização civilizatória de nossa atual sociedade. Impérios já caíram por muito menos ao longo da história humana.

Diante desses pontos, acredito que antes de aprovarem esse PL, terão que discutir com a sociedade e criar leis que garantam:

v  Um novo tipo de sistema financeiro que realmente exija a Governança nas Corporações e que não possam ser comprovadas apenas como itens contábeis.
v  A proibição de financiamento de campanhas eleitorais pelas pessoas jurídicas.  O cumprimento fiel das leis já em vigência por quem ocupa cargos públicos. A aplicação de 100% dos impostos arrecadados para os fins predeterminados nos planos e orçamentos  públicos nas três esferas governamentais.  Políticos mais íntegros e comprometidos.
v  O fim da contribuição compulsória e a desvinculação monetária dos sindicatos ao governo sobre essa contribuição.  Ao governo caberá apenas fiscalizar suas atuações e os sindicatos pagarão impostos como todas as entidades representativas.
v  Um programa de educação que priorize o desenvolvimento  da análise crítica e lógica de todos os seus cidadãos e não a sua atrofia intencional(como se verifica nos últimos vinte anos nas esferas mais desfavorecidas de nossa sociedade) para que as pessoas sejam estimuladas a considerar a perpetuação da civilização e seu equilíbrio com maior segurança e confiança.


E se tudo der certo, em mais ou menos cem anos, teremos um país onde a terceirização, do jeito que está proposta nesse projeto de lei, será um grande avanço. Apenas uma questão de equilíbrio.

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